O nome é russo, a roupagem remete ao ballet clássico, a origem é inesperada e controversa: australiana e neozelandesa. A história é assim: em 1926, a bailarina Anna Pavlova foi aos dois países interpretar o papel mais memorável de sua vida, A morte do cisne. Em homenagem à visita, foi criada a deliciosa e delicada sobremesa – que, no embalo da fama alheia, acabou também alçada ao estrelato. O problema é que os dois vizinhos creditaram a si a criação, levando a disputa longe: ambos declararam a pavlova seus pratos nacionais.
A sobremesa capta perfeitamente o espírito e a arte de Pavlova. O merengue assemelha-se a um tutu cheio de ondas, e as frutas coloridas e vibrantes lembram o brilho vertiginoso de sua dança. A própria vida do doce parece espelhar a famosa rotina de penas de Pavlova: a beleza desaparece rapidamente depois da criação e, a menos que seja consumida, a fruta e o creme despencam – uma sobremesa que morre, como o cisne” (WINTER, 2013, p.125).
A pavlova é daqueles doces que impressionam. A sua beleza, no entanto, é inversamente proporcional à dificuldade de fazê-la. É tão simples que, ao receber elogios (porque eles certamente virão), você vai até ficar constrangido. Aproveita a oportunidade e coloca as visitas pra lavar a louça – afinal, depois de taaaanto trabalho, o artista precisa de um descanso.
Pavlova (receita do blog/canal do Youtube Joy of Baking)
120 gramas de claras de ovo
200 gramas de açúcar refinado
1/2 colher de chá de extrato/ essência de baunilha
1 colher de chá de vinagre branco
1/2 colher de sopa de amido de milho
Antes de começar, pré-aqueça o forno a 130°C e prepare uma forma com papel manteiga. Em uma batedeira bem limpa (parece óbvio, mas é bom repetir: qualquer resquício de gordura pode fazer o seu merengue desandar!), bata as claras até formar picos leves (1). Adicione, colher por colher, o açúcar refinado, até que o merengue forme picos duros e brilhosos (2). Coloque a baunilha, o vinagre e o amido peneirado, e misture delicadamente com uma espátula. Agora, dá pra inventar! Você pode optar por fazer mini pavlovas (fofura difícil de superar) ou uma grandona (com cerca de 20cm de diâmetro e muita felicidade acumulada) (3). Asse até que se forme uma crosta dourada e o interior fique cremoso e macio – cerca de 70 minutos para o disco grande. Para evitar que quebre, deixe esfriar dentro do forno mesmo, enquanto você prepara o chantilly e as frutas.
Chantilly
350 gramas de nata ou creme de leite fresco
4 colheres de sopa de açúcar
Na velocidade média, bata os dois ingredientes até o ponto de chantilly (4). Mas cuidado: se você bater demais, vai acabar virando manteiga!
Montagem
Essa é a parte mais divertida – e é outro momento passível de colocar o pessoal no trabalho. Primeiro, coloque uma generosa quantidade de chantilly caseiro em cima do disco de merengue. Com a paciência de um artista, disponha as frutas de forma que elas sejam as estrelas do prato. Eu gosto de usar frutas cítricas e bem tropicais, mas isso vai do gosto do freguês. Se quiser dar um efeito dramático, peneire um pouco de açúcar de confeiteiro por cima – e aguarde ser ovacionado de pé (hehe).
Agora, entenda por que a pavlova é uma sobremesa tão festejada:
WINTER, James. Quem colocou o filé no Wellington? São Paulo: Editora Melhoramentos, 2013.
Veja também a receita em vídeo:
Que delíciaaaa! Nhami!
Vou ter que tentar fazer uma tb!
:D
Com certeza! E eu te ajudo :D Beijo!
Querida Bárbara
Quando li o post sobre o MARSHMALLOW, já fiquei encantado com a leveza do texto e as tiradas de bom humor na escrita. O post da PAVLOVA repete as mesmas qualidades de um texto muito bem escrito, e mantém as sutilezas da cultura gastronômica da “comida feita em casa”, que aciona nossas memórias mais doces.
Beijos
Odalci, a comida realmente tem o poder de ativar memórias muito queridas! Muitos beijos!
Quem não fazia ideia de que a diferença entre chantilly e manteiga é a eloquência da surra que a gente dá na nata ainda tem chance de ser ovacionado em pé?
Ps: assim que fizer, volto pra definir qual o mais delicioso: o texto ou o prato. (:
Outra coisa: sou mais favorável a creditar a autoria aos australianos, hein. Se os neozelandeses usassem essa camada de kiwi, esse post também teria o tag not safe for vegetarians ( http://www.memewood.com/wp-content/uploads/2012/12/kiwi-bird-1-FunnyPicsPage.jpg ). :P
(Momento “as frutas no mundo”: vocês também já pararam pra pensar QUEM DIABOS olhou pra uma fruta MARROM, PELUDA E VERDE por dentro e decidiu provar mesmo assim? Acertou quem palpitou – surpresa pouca – os chineses.)
Frank, teus comentários são sempre engraçados e educativos haha :D
Olá! Primeiramente parabéns pelo blog – o texto é excelente (essa introdução histórica sobre a origem das receitas é muito amável ❤️. Ela mostra todo o amor e a magia que envolvem a culinária. Nessa da Pavlova, por exemplo, é impossível, após conhecê-la, dissociar a imagem do doce com a de uma bailarina – consigo até pensar na trilha sonora utilizada pelo maître ao criá-la…aaah imaginação!) e as receitas são impecáveis (um superhipermega elogio para as fotos – gente, um site de culinária não é feito só de instruções haha). Segundo: alguma dica para a melhor combinação de frutas utilizadas na Pavlova? Achei necessário perguntar, pois algumas, como o abacaxi, anulam totalmente o sabor de outras e etc. Obrigada! Parabéns pelo blog mais um zilhão de vezes!
Ps: pretendo fazer a receita essa semana. Depois eu dou um retorno sobre o resultado dela haha
Francielle, muito obrigada pelo feedback tão carinhoso – fiquei muuito feliz! :) Bom, quanto à escolha das frutas, depende do gosto do freguês (e é meio que por tentativa e erro). Uma vez, por exemplo, eu coloquei figo in natura e não curti, pois achei enjoativamente doce. Pra mim, a melhor combinação é morango, kiwi e blueberry (ou outras berries que estiverem em promoção hehe). Um beijo e volte sempre!
P.S: Estou esperando notícias da tua pavlova! :D
Eu morro de vontade de fazer uma! Tenho a receita da nigella tb :)
Vale muito a pena fazer – é fácil e fica mega deliciosa :) A receita da Nigella deve ser incrível, porque ela é musa hehe. Beijos!
Já que não existe um O Mundo na Cozinha for Dummies, pros meus colegas na mediocridade culinária, deixo dois conselhos valiosíssimos:
1. 120g de claras de ovo são aproximadamente 4 ovos.
2. Creme de leite fresco não é um creme de leite novinho, é um tipo específico de laticínio que se encontra na seção dos iogurtes no supermercado.
Que os que se divertirem imaginando a miséria da nossa tentativa saibam que MESMO ASSIM, inexplicavelmente, a monsterlova recebeu uma enxurrada de elogios. Aham, o poder do impacto visual dessa coisa não faz sentido. Usem-no para o Bem.
Bem colocado, Frank – esqueci de escrever no post! Fato curioso: na última vez que fiz pavlova, 4 claras pesaram 119 gramas (coisa linda de ver). Quanto ao creme de leite fresco, creme de leite comum e nata, eles se diferem por um detalhe: a quantidade de gordura (eu sei que esse não é o ponto, mas fiquei com vontade de falar haha). O fresco (que, aliás, não é fresco e não sei porque raios se chama assim) tem cerca de 38% de gordura; o comum tem 20% (coisa de gente magra e elegante); a nata faz mais meu tipo: 45% de pura gostosura haha. Quem não encontrar o creme de leite fresco pode substituir pela nata, mas sabendo que ela vai te arrancar bruscamente de qualquer dieta :P
Barbara!
Lindo site, lindo texto e lindo doce! Parabéns!
Vamos preparar aqui no Rio de Janeiro?
Beijos!
Nossa, ia gostar muito de fazer uma pavlova carioca, Mariana! hehe. Super beijo!
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