Cuidar de uma casa exige atenção constante. As plantinhas carecem de água, o piso pede as cerdas da vassoura, a cama quer ser estendida. A louça na pia precisa ser limpa, as comidas perecíveis na geladeira devem ser consumidas, o armário de louças precisa de uma organização. As roupas devem sair do cesto e ser lavadas, a superfície dos móveis necessita ser lustrada com um pano úmido, as compras do super precisam ser higienizadas. O fogão deve ser limpo, o lixo precisa descer pra rua, o chuveiro e a luminária exigem conserto.
De-va-ga-ri-nho rego as plantas, que por vezes ressecam por pura falta de paciência. Varro o chão, troco os lençóis, e sinto o aroma suave do sabão. As roupas sacodem na máquina enquanto ajeito a cozinha, passo no super e depois encho tudo de álcool. Até o próprio álcool. Tiro o pó, estoica, sem entender como que tanto se acumula. Troco os lixos, e penso em como o destino do que descartamos é ignorado sistematicamente. Escrevo pro eletricista, marco uma visita: o banho vai voltar a ser quente, a luz vai voltar a acender. Cuidar de uma casa exige atenção constante. Às vezes cansa, irrita. Mas sempre acolhe. Cuidar da casa é, no fim das contas, cuidar de si.