Às vezes tenho medo de esquecer que a quarentena não é pausa. Que o tempo segue implacável, atravessando, transgredindo os dias com a violência do que passa batido. Com a brutalidade de estar vivo e não viver. O tempo, vivido assim, é tirano. Porque vida sem todos os abraços é meia-vida, somente.
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E daí entram os pequenos afagos: um café da manhã especial, um chamego. Uma surpresa, uma playlist só com as músicas preferidas. Frutinhas pra cuidar da saúde, mensagens pra atenuar a saudade. Prestar atenção também é um presente. A vida, afinal, é tudo o que a gente tem. Enclausurada, não pausada. Viva.