quinta-feira, novembro 21, 2024

Eu caminho prestando atenção

Eu caminho prestando atenção. Serpenteio pelas ruas do meu bairro em busca de novos cenários, de novos aromas, de novos rostos. Não ligo pras rotas, o que me impede de saber exatamente onde estou – ou como chegar ali novamente se um dia assim o desejar. Mas isso me permite a surpresa quando esbarro de novo em uma casinha querida, ou quando meu olfato é preenchido pelo mesmo cheiro de feijão cozinhando, ou quando cruzo por pessoas e por cachorros que se repetem ao longo dos dias. Jamais faço o mesmo trajeto. Por vezes, ando em zigue-zague; por outras, em linha reta, até ela dobrar-se por vontade própria. Na imensa maioria, porém, sigo por onde me apraz.

Ao longe, vislumbro um prédio alto – e busco um caminho qualquer até alcançá-lo. Observo as casinhas que se amontoam, as igrejas coloridas, os paralelepípedos desnivelados e as graminhas que brotam de um minúsculo espaço no concreto. Nos fones, ouço um podcast que discorre sobre o tempo. Antes, era mais fácil estar presente e prestar atenção até nas menores banalidades. Hoje, a memória falha e sentimos a necessidade das telas pra elucidar qualquer questão. A gente se perde fácil nesse emaranhado. Nos meus caminhos tortos, me permito me extraviar de mim mesma, e me liberto de querer saber tudo. Deixo os percursos imperfeitos e acidentados tocarem meus pés. E é assim, alheia, que me percebo.

Eu caminho prestando atenção

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Eu como comida fria e tiro umas fotos por aí! Vem comigo?

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